sexta-feira, 30 de maio de 2014

COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA - Comunicação de problema à solução.


         
           Se fizermos um levantamento das diferenças /discussões/ desarmonias / divergências / conflitos que temos nos nossos diversos palcos existenciais, veremos que a comunicação é quase sempre a raiz do problema.

Uma das principais causas é a forma como nossa comunicação se pauta  essencialmente em julgamentos, que se apresentam de maneiras muito variadas: culpar, insultar, rebaixar, criticar, diagnosticar, rotular, avaliar e normalmente voltada para imputar o erro ao outro justificando o ditado que diz “errar é humano e mais humano ainda é colocar a culpa no outro”. Exemplo: se meu colega se preocupa mais com detalhes do que eu, ele é “excessivamente meticuloso e compulsivo”, caso contrário, ou seja, se eu me preocupar mais com detalhes do que ele, ele é “relapso e desorganizado”.

Outra causa importante  é a qualidade de nossa escuta pois mesmo sendo bombardeados pelas diversas mídias sobre a importância de ouvirmos e escutarmos aos outros e a nós mesmos, no entanto, muitas vezes nem deixamos que o outro termine de expor suas idéias e já estamos interrompendo basta o outro parar para respirar.

O que em última instância está por trás disso é o nosso não querer assumir responsabilidade pelo que fazemos/ pensamos/ sentimos. Utilizamos uma série de expressões que nos põe numa posição de vítima, de passivos, numa posição de como se não tivéssemos escolhas e livre arbítrio – fui atropelado pelo desejo de comer, comecei a fumar porque meus amigos fumavam.

Esta forma de comunicação termina deixando o interlocutor com três opções: se defender, se retirar ou atacar. Nenhuma delas ajuda ou nos leva aonde  estamos  querendo, ou seja, encontrarmos uma solução que satisfaça a todos.

Há quarenta anos o Dr. Marshall Rosenberg vem pesquisando o que ele passou a chamar Comunicação Não Violenta (CNV). Os conceitos da CNV são profundos, mas sua  formulação é bastante simples sendo constituído por quatro componentes que são aplicadas tanto no falar quanto no ouvir. O primeiro componente é o observar sem julgar, sem avaliar já que o avaliar gera resistência, não compassividade e conseqüentemente um clima desfavorável ao entendimento. O ditado popular “tentar pegar mosca” com fel é o que fazemos ao falarmos nossas observações com julgamento. O segundo componente é resgatarmos o acolher e valorizar os sentimentos e sua expressão uma vez que fomos “domesticados” a os  reprimir.
O terceiro componente é expressarmos as necessidades que queremos ter atendidas e aqui precisamos quebrar o paradigma de querer ter suas necessidades atendidas é sinônimo de egoísmo já que fomos desde criança subjugando o nosso “Eu” ao “Nós”. A última etapa é justamente expressarmos de forma precisa e positiva o que estamos pedindo ao outro. Exemplo: quando pago mensalmente meus impostos fico frustrado porque gostaria de ter segurança, educação e equilíbrio na nossa sociedade e por isso gostaria de solicitar um bom uso dos recursos públicos.
            Estas quatro componentes utilizadas no trabalho, na família e no lazer pode nos proporcionar um salto de qualidade de vida, pois a CNV contribui essencialmente para a paz entre as pessoas.




segunda-feira, 26 de maio de 2014

PLANEJAMENTO COM O MÉTODO CHARRETTE: MAIS SATISFAÇÃO E RAPIDEZ COM MENOS CUSTOS


São conhecidos os problemas de se planejar sem o devido envolvimento das partes interessadas – resistências, não comprometimento, visão fragmentada do projeto, falta de compreensão, dificuldades na implantação, retrabalho, demora na execução, etc. Se a discussão em questão diz respeito a algum projeto que precisa ser submetido a uma audiência publica como é caso de um plano diretor, uma intervenção física em alguma área a reação é sentida imediatamente (protestos, embargos etc)..

A solução que muitas empresas já utilizam nos seus planejamentos estratégicos é a inclusão de todas as partes interessadas em todo o processo de elaboração de maneira que se evite o custoso retrabalho, pois só mais tarde é detectado que algo importante não foi contemplado.

O método Charrette será exemplificado no contexto de uma intervenção urbana, mas pode ser usados em projetos da area da educação, da saúde,  na definição de políticas publicas ou em qualquer contexto que exija o levar em conta de múltiplas visões apresenta as seguintes características:
a)      Requer a montagem de um “escritório de especialistas” no local da intervenção.
b)      Passa por três ciclos de aperfeiçoamento.
c)       Este dividido em três etapas: preparação, Charrette e implantação

O “escritório de especialistas” que deve ter os especialistas das áreas necessárias para preparar o publico a entender os principais conceitos em questão e para transformar as sugestões feitas pelos participantes durante as oficinas em alternativas consistentes e em planos dependendo da fase da Charrette.

O conceito dos ciclos de aperfeiçoamento corresponde ao aperfeiçoamento sucessivo da solução procurada. A Charrette começa com uma sugestão que foi elaborada  durante a fase de preparação que é então submetida ao publico e as duvidas são esclarecidas e  as criticas e sugestões são então coletadas através de um processo altamente participativo que gera o engajamento dos participantes. A equipe técnica da Charrette então transforma os criticas e sugestões em alternativas consistentes com conceitos técnicos e com os princípios negociados gerando assim propostas alternativas. Estas são então submetidas a dois novos ciclos de avaliação e ajustes resultando num plano final elaborado com a inteligência coletiva e levando em conta as visões das diversas partes interessadas.

Etapas do Sistema Charrette

Preparação - nesta fase alem de feito o primeiro levantamento com as partes interessadas são coletados dados diversos da área/ contexto em questão e é elaborada uma espécie de croqui-proposta que servirá de base para as discussões nas primeiras etapas da Charrette.

Charrette é fase mais intensa do processo, pois a equipe técnica trabalha praticamente em regime de plantão submetendo as propostas ao publico, esclarecendo as duvidas e colhendo criticas e sugestões e transformando as mesmas nas respectivas alternativas / planos.

Implementação - nesta fase é feita uma comunicação constante do status do projeto enquanto se procede ao refinamento do produto  até a apresentação final.

A "sacada" do método esta na sistematização de forma disciplinada de alguns  fatores conhecidos mas muitas vezes desprezados como envolvimento das partes interessadas, definição de princípios, não só discutir mas também elaborar na hora e no local com uma  equipe multidisciplinar, coletar todas as informações possíveis não só de estatísticas, ter a viabilidade sempre em mente. Os resultados são impressionantes em centenas de casos já feitos nos EUA desde 1981.